
Andrea Azevedo
Iyko Day, professora associada em English and Critical Social Thought em Mount Holyoke College, apresenta nessa entrevista ao Podcast New books in Critical Theory sua pesquisa e reflexões que originaram a obra “Alien Capital: Asian racialization and the logic of Setter Colonial Capitalism” (Duke University Press, 2016). O livro, como enfatiza em sua entrevista, vem do estranhamento das diferentes histórias coloniais entre EUA e Canadá que, no entanto, mantém similares políticas e concepções anti-asiáticas. Nesse sentido, a pesquisa apresenta crítica às políticas norte-americanas e canadenses contra os asiáticos que os relaciona negativamente enquanto corpos disponíveis à exploração abstrata do capital pelo trabalho e, portanto, inferiores. As mulheres asiáticas, aponta a pesquisadora, são duplamente excluídas nesse processo.
Intitulando os asiáticos como os “novos judeus”, a pesquisadora aposta que, como os judeus que foram excluídos dessas sociedades durante o século 19 e encontraram inclusão durante o século seguinte, o mesmo poderia se dar com os asiáticos. Ainda, a aproximação dos asiáticos aos judeus também carrega a crítica desses por associação ao modo de produção capitalista tal como a ideologia antissemitista condenava os judeus por sua relação com o sistema financeiro. De acordo com Day, a crítica anticapitalista que se fundamenta no romantismo é utilizada pelos norte-americanos e canadenses brancos para rejeitar as demais raças invocando uma ideia de natureza e pureza original que existiria sem os estrangeiros, uma vez que esses seriam vistos como “os portadores” da ética exploradora do capitalismo.
Na entrevista, Day em diálogo com a apresentadora, traz interessantes reflexões sobre a relação entre os “habitantes originais” e os asiáticos que não estariam apenas sob uma lógica binária de nativo e colono, mas numa relação de dominação abstrata complexa que envolveria multiplicidades entre as classificações de “nativo”, “colono” e de “estrangeiro”. A pesquisa de Day ganha aqui sua indicação uma vez que aponta a necessidade de que a exploração capitalista seja compreendida tanto em termos de gênero como também em seus aspectos coloniais.
Caso prefira ver a pesquisadora em vez de ouvir o podcast, uma palestra na Brown University sobre o livro de Day pode ser acompanhada neste link.
