sobre susan sontag

imagem: Huang Zheng no Shutterstock.

Bruna Della Torre

Sobre Susan Sontag

Gênero: Documentário

Direção: Nancy Kates

Duração: 1h41m

Ano: 2014

País: EUA

Susan Sontag é uma figura controversa, seja no âmbito do marxismo, seja no âmbito do feminismo. Sua crítica ao marxismo e suas investidas contra a interpretação tiveram efeitos nocivos sobre a teoria social e a crítica cultural. Seu feminismo peculiar, de cunho existencialista – Sontag era uma crítica feroz da “servidão voluntária” das mulheres – tem divergências significativas com o que hoje entendemos por feminismo marxista. Sua figura e suas reflexões sobre o Camp tornaram-se referência da moda e recentemente chegaram a ser o tema do baile de gala da revista Vogue, realizado no MET, em Nova York. Mas Susan Sontag não é apenas um ícone pop. Sua trajetória foi marcada pela luta anti-imperialista, contra a Guerra do Vietnã e a Guerra na Bósnia – Sontag encenou Esperando Godot em Sarajevo, uma adaptação da peça de Beckett em meio à guerra e in-loco. Além disso, foi uma das maiores críticas da cultura de consumo norte-americana e de como o mundo não só é lembrado, mas principalmente experimentado através das imagens atualmente. Suas reflexões sobre o Camp, a cultura homossexual subversiva – hoje considerado um ensaio relacionado ao Queer e seus livros sobre a Doença como metáfora (1978) e Aids e suas metáforas (1988) tornaram-se referências importantes para o movimento LGBT durante a década de 80 e nas décadas subsequentes. O documentário de Nancy Kates mostra as diversas faces de Sontag e explora as dificuldades enfrentadas por ela para se tornar uma intelectual num meio dominado pelos homens. Sua inserção no campo da literatura, do cinema e da filosofia foi marcada pela ambiguidade de querer transcender seu gênero, mas também de pertencer a um mundo do qual a maior parte das mulheres estava excluída. A escolha de Sontag de não assumir publicamente sua sexualidade – abordada de maneira polêmica na sua biografia, publicada em 2019, de autoria de Benjamin Moser – não impediu, conforme mostra Kates, que ela se tornasse uma referência fundamental para os movimentos LGBT e feminista. O ambiente retratado no documentário também nos ajuda a entender como as questões dos anos 60 e 70 e algumas de suas demandas libertárias foram incorporadas pela indústria cultural. Isso não tira o interesse por Sontag e mostra, no entanto, que ela permanece uma figura em disputa.

O documentário está disponível na plataforma da HBO.

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